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– Vocês viram as borboletas ontem à noite?
– Não, não vimos nada. Tem certeza? Borboletas? Ontem à noite? Já, tão cedo?
– Pois é…
– Ah, nosso menino crescido… Chegou a hora.

(Alfredo e seus pais no livro Um milhão de borboletas)

Sentir as borboletas no estômago por alguém é uma das raras e muito caras experiências que a vida nos dá. Não se trata de “achar bonitinho” e sentir atração física, de ter afinidades e companheirismo, é algo mais: é ver o mundo se transformar e perder o chão diante da emoção de estar perto, é sentir que num toque de pele, a eletricidade de um passa para o outro, numa corrente energética que alimenta ambos.

Acontece cedo ou tarde, quem saberá dizer quando é a hora certa? O fato é que, numa boa vida, acontece com reciprocidade e daí passamos a ser dois e não só um.

Tudo isso me veio à mente quando li o querido livro Um milhão de borboletas (de Edward van de Vendel, publicado no Brasil pela Cosacnaify). Presente de Valentine’s Day (o dia de quem ama, mais do que dia dos namorados), o livro caiu como uma luva no meu momento de vida, no qual os filhos adolescentes começam a sentir algumas borboletas no estômago ao mesmo tempo em que meu marido e eu ainda vivemos embevecidos pelo novo fruto do nosso amor, a pequena bebê que nasceu há 10 meses.

Hoje completamos 18 anos de casamento e, no meio das brincadeiras sobre a “maioridade” deste amor que nasceu na escola, quando éramos nós os adolescentes, sorri sozinha ao pensar que felizmente ainda sinto um milhão de borboletas no estômago por meu amor.

Se um dia nossos pais pensaram “Já, tão cedo?” quando ficamos noivos aos 20 anos e casamos 3 anos depois, num dia como hoje, vendo os filhos com uma família feliz e realizada, creio que eles se sentem confiantes de terem nos dado asas para voar em busca de nossos sonhos, como fizeram os pais do Alfredo no livro.

Sobre o livro:

“No meio da noite, Alfredo, um elefante inquieto, percebe um milhão de borboletas voando ao redor de sua cabeça. Imediatamente, se vê obrigado a partir, sem saber pra onde em busca de não sabe o quê. “Trate de aproveitar. E de guardar tudo na memória. E de segui-las.”, aconselha o Velho Alce. Até que uma elefanta aparece na história… É quando Alfredo entende que as borboletas entoam um chamado, mas só ouve aquele que está preparado.”

Um milhão de borboletas é catalogado como um “livro infantil” e conta com lindas ilustrações de Carll Cneut, mas tem uma mensagem que encontramos em outras obras atemporais e “sem idade” como O Pequeno Príncipe e A árvore Generosa. Na minha opinião é indicado para todos que já sentiram – ou esperam sentir – borboletas esvoaçando na barriga.

P.S. Ao ver o livro, meus leitores vorazes lembram de outro, que tem ilustrações do belga Cneut: Monstro, não me coma, leitura obrigatória no primeiro ano do ensino fundamental. 😉