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Vamos ser bem sinceros: Stranger Things não trouxe nada de novo.
As músicas são antigas, a trama é clichê, os atores não são os melhores de todos ou fizeram papéis que você lembra em geral.
Mas mesmo assim, a série ficou muito boa. Não é a toa que está no topo do IMDb como série mais vista.
Então vem a dúvida: Por que gostamos tanto da série dos Irmãos Duffer?
Claro, a série é feita para uma geração e uma faixa etária. Não é porque eu gostei ou você gostou que eu estou dizendo que todo mundo vai achar que ficou bom. Mas, os dados não mentem (RIP GoT):

Não é mentira, superou até Game of Thrones!
Vou mostrar então alguns motivos da série ser tão legal (pelo menos para nós!):

Os Fãs

A série é feita para um público bem jovem: em especial para o público que não viveu a fase dos anos 1980 que a história foi feita. Aposto que qualquer pessoa que cresceu, ou pelo menos viu boa parte dos filmes que se passavam nos anos 80 adoram a época e adoram as coisas que a envolvem – que é exatamente o que a série usa, mostra e faz parte no final das contas!

Afinal, as pessoas de 14 a 25 anos são ouro para as criadoras, e nosso querido ST é ouro para nós! É uma verdadeira simbiose cinematográfica!

Além disso, não tem atores famosos (fora a Winona Ryder), e eles são bem novinhos, então dá um toque legal. Eles realmente se empolgam com os fãs, então tem um carinho muito especial ali. Essa foto da Millie Brown, a Onze, é a prova disso! ❤

Ambiente

 

O cenário em que a série se passa, como muitos pontos, não é novo: “coisas estranhas” (Stranger Things) acontecem em uma cidadezinha no interior de Indiana. Não era novo nos filmes do Spielberg nem para o Stephen King (dois autores que os diretores são fãs). Porém, esse é um cenário comum e muito fácil de se identificar em vários momentos.

E além disso tudo, é um ambiente que é comum em várias outras séries e filmes que, se você gostou de Stranger Things, viu em outros filmes! É quase aquela paisagem da encosta do rio que tem em todos os animes que você assistir (presta atenção que você vai ver que tem mesmo).

Mas ao mesmo tempo, tem umas sacadas geniais. Essas lâmpadas e o que elas acenderem simboliza é genial!

Dica: Tem uma site em que você faz seu próprio gif aqui.

A Trilha Sonora

Só por ter The Clash, ou melhor, Should I Stay or Should I Go (quem não entende muito sempre acha que a banda é a música), já vale muito. Mas tem muita referência musical boa. A ideia deles é recriar os 80, e pelo menos nas músicas, eles acertaram em cheio.

A série tem uma pegada Rock ‘n’ Roll bem legal, e até mesmo personagens com essa pegada: a cena do Johnatan com a fita é quase que nem o Awesome Mix do Guardiões da Galáxia! Muito bom!

Uma dica bem legal: A Netflix Brasil tem uma playlist especial do Stranger Things com TODAS as músicas da série aqui!

Os Personagens

Os personagens SÃO bem clichês. Do tipo beeem clichê. Mas isso é bem legal.

Tem os nerds fracassados, tem os Bullies, tem a patricinha do Ensino Médio que todo mundo quer, o Freak que ninguém quer, o valentão estilo Biff (do Back to the Future),  a menina estranha, o garoto corajoso protagonista, TODOS os esteriótipos estão lá. E isso é bem legal. São todos personagens que a gente conhece dos filmes “antigos” ou dos classicões de hoje em dia. Mas para a nossa geração é a primeira vez que eles são literais e fazem parte da nossa faixa etária!

Então é legal poder se ver no lugar deles. E esses esteriótipos são impossíveis de não se identificar, já que você já os viu tanto que sabe quem é qual esteriótipo. É quase como se fosse seu segundo zodíaco, um mais nerd :p

Os Diretores

A coisa mais legal é que as pessoas que escrevem a série viveram na pele os anos 80, e é esse o motivo de toda a euforia – eles criaram os personagens baseado no que viveram e se identificavam, em uma escala tão boa que você gosta de um bando de crianças de 12 anos, ao mesmo tempo de um policial de 35 e um bando de adolescentes rebeldes – Pra mim, isso é a prova de humanidade em um personagem, especialmente porque você não pode culpar a excelência dos atores reconhecidos.

Tanto os diretores quanto os atores são novos em tudo e de tudo, então é um foco diferente. É como se trabalhassem porque gostam e são fãs do que fazem, tipo se estivessem vivendo na pele um ditado do Confúcio!

 

 

A História

Stranger Things conta com uma coisa que não se vê muito hoje em dia – ou pelo menos que os diretores conseguem esconder melhor agora, e talvez seja o principal motivo pra todo mundo gostar de Stranger Things – A Trama segue a Jornada do Herói para valer. E segue mesmo.

[SPOILER ALERT – Pra garantir, leia de olhos fechados]

 

 

 

 

Eles vivem a vida normal, status quo, até que aparece um problema – Will desaparece. Eles tentam ir atrás mas não podem. Então, numa segunda vez, saem por conta própria e encontram a Onze, que se junta a eles. Na busca, várias coisas acontecem, como a Barbara sumir, presenciarem o monstro em uma foto e várias caçadas ao Will e encontram um problemão – acharam o corpo dele. Ia tudo acabar com a pedra no meio do caminho, até que o Hopper aparece com as coisas que juntou, descobre que o Will não morreu e era um corpo falso. Eles juntam tudo que podem, descobrem tudo sobre o governo, a Onze, os monstros, o portal e tudo mais, e fazem aliados – todos eles se juntam para conseguirem levar o Will de volta. Mas na hora H, o governo aparece.  Mas para compensar, eles descobrem que o Will está vivo em algum lugar e que dá pra ir até o portal. Eles são presos e parece que vai tudo acabar, até que decidem trabalhar com o governo, que tem certeza que vão morrer lá. O Dr. Brenner aparece tentando levar ela embora e eles atraem o monstro que tinha aparecido com o Johnny e a Nancy. Ele tenta matar todo mundo e parece que eles vão morrer, mas a Onze acorda e salva todo mundo, mesmo que ela desapareça depois. Eles salvam o Will e todos voltam felizes para sempre pra comemorar o Natal. O Will tá com problemas na garganta, vomitando lesmas estilo Harry Potter, mas tudo bem, porque nada mais é normal depois que você é um herói.

Isso em síntese é a jornada do héroi em ST, a fórmula mágica que faz toda história ficar incrível e carismática, desde Senhor dos Anéis até Hunger Games. E é uma verdade – por algum motivo, todos nós amamos isso e esse modelo, querendo ou não. Eu escrevo histórias e narrativas e mesmo assim ainda fico inconformado sobre como tem uma fórmula mágica pra fazer histórias darem certo. Facilita muito a vida e deixa tudo mais divertido (praticamente como se fosse a encarnação do Netflix).

 

 

 

 

 

 

 

[ACABOU O SPOILER – Pode abrir o olho]

 

Curiosidade: O Demogorgon, em Dungeons & Dragons – o famoso D&D – existe de verdade. Nada como criar um clima dos anos 80 usando coisas que existiram de verdade nos anos 80 né?

O pop

A série, o netflix, a época, o modelo, o pensamento de tudo, tem alguma coisa na série que não é beem pop? Quase tudo está no mainstream ou já fez parte. Eu não me vejo gostando da série por isso, mas é um fato. E 8 episódios é o suficiente para qualquer um ter tempo de ver, então ninguém tem a desculpa de não ver. E isso ajuda muito a colocar a série lá em cima e alcançar mais gente.

Alguém tem alguma dúvida de que as luzes piscando vão virar um ícone, que nem o ET voando na bicicleta, ou o Pennywise é?

O clichê

A verdade é que a série é um clichezão. Mas não é um clichezão total, ou é e tem vários pontos adicionais que nós gostamos hoje em dia. A série é sobre todos os temas que aborda, mas o ponto de vista é você em 2016. E isso é muito legal

Conclusão

Eu diria então que a série tem:

  • Diretores que viveram e amavam os anos 80;
  • Milhares de referências dos anos 80;
  • Personagens comuns aos anos 80;
  • Coisas comuns aos anos 80;
  • Música real dos anos 80;
  • Uma história que funciona desde bem antes dos anos 80;
  • E um ponto de vista que agrada todos a partir das crianças que viveram os anos 80;

Acho que podemos dizer então que a série é um grande Medley de 1980, com o ponto de vista 2016.

Bom pessoal, por hoje é só, espero que tenham gostado, porque eu gostei muito, até mais!